quinta-feira, fevereiro 17, 2011

O colchão



Queria comprar um colchão que me abraçasse ao deitar. Sabe, um tipo que não precisa se ajeitar? Um que vc deitasse e já estivesse plenamente confortavel.

Queria comprar uma noite de sono como as da minha infância. Noites serenas, calmas e tão escuras que não se via a sombra das mãos, nem com o maior esforço do mundo.

As noites dormidas na fazenda do meu avô Nenê, tem uma lembrança especial.

Minha cama ficava ao lado da janela, encostada na parede. As vezes eu ia para a cama ao lado da cama de casal. Mas isso só acontecia quando dormia com os meus pais, irmão e primo. Quando iamos para a fazenda com meu avô, era na cama da janela que eu dormia.
Meu avô dormia na cama de casal, meu irmão e meu primo nas outras duas camas. Ele, ligava o radio bem baixinho no quarto e tínhamos que ouvir com ele. Era uma voz de um noticiário. Parecia hora do Brasil mas não era. Era só um noticiário chato que me fez aprender a ouvir o nosso diário horário do Brasil: "Em Brasilia 19 horas..." Ouço, se precisar, mas não gosto muito.

O interruptor do quarto era um fio que se estendia do lustre até a cabeceira da cama dele, e tinha tipo uma tomada. O quarto à noite, cheirava a veneno. A copeira passava uma bombinha todos os dias as 19horas, enquanto jantavámos.

Não havia mosquitos na casa. Durante o jantar nos comportávamos feito anjinhos. Lavávamos as mãos na pia ao lado da mesa do jantar. Dona Antonia, fazia uma comida ótima e doces incríveis. Até hoje procuro alguém que tenha uma louça igual aquela. Eu compro! Era uma louça branca, leitosa, com umas "escaminhas" na volta dos prato e nas xícaras...

Depois do jantar a farra começava. Brincávamos de pega-pega em volta da mesa do jantar. O Walquirio me fez pular corda como ninguém. O passa anel era lá fora, em frente a sede, na rua, entre o escritório e a sede.

As luzes se apagavam as 22h. Sem choro nem vela.

Durante a noite podia se ouvir as badalas do sino que o guarda tocava no jardim em frente ao parque, ao lado do laguinho... Mas nunca ouviámos. Estávamos cansados demais. Ansiosos demais pela nova manhã.

E depois dessa noite gostosa, começava tudo de novo: café da manhã, leite na vaca, andar à cavalo, Lancha da manhã, piscina, almoço, brincar na colonia, café da tarde, descer na granja, jantar...

Aiii... Queria fazer tudo igual com o meu filho e com meu marido, que não chegou a ir, se quer, à fazenda. E tanta gente esteve lá...


Para isso precisava do Vô Nenê de volta. (já que a Soninha nada resolve).

Queria tanto ter um colchão que me abraçasse.

2 comentários:

  1. Nossa Vã, senti uma vontade de dormir gostoso também como nos tempos de criança!

    saudades... beijos

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  2. Tb tive uma infancia assim, só q a minha foi no pesqueiro do meu avô, q de tanto penilongo q tinha, depois do jantar, iamos brincar no beliche sob o véu do mosqueteiro.
    Acho q por isso, hj pernilongos ñ me incomodam tanto rsrs
    Me lembro tambem do café da manhã bem cedo, leite quente no bule e era de leite condensado....hummmm...era um sonho
    Não posso me queixar...tive infancia e q infancia!!!!

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